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Decreto da reciprocidade: como o Brasil oficializou a resposta contra tarifas abusivas

Quando a retaliação vira norma

O governo não deixou barato. Depois da sanção da Lei da Reciprocidade (que já estava só aguardando algo assim acontecer), agora saiu o decreto que diz como vai funcionar — passo a passo — a resposta do Brasil a países que tentarem barrar nossas exportações na marra.

Não é resposta de peito estufado, não. É institucional. É técnica. É calculada.

E, acima de tudo, é legalmente respaldada.

Qual foi o recado?

Simples: se outro país resolver dificultar nosso comércio com tarifa, barreira técnica ou qualquer outro bloqueio improvisado, o Brasil agora tem respaldo jurídico e estrutura formal pra reagir.

Com proporcionalidade.
Com método.
Com clareza.

📌 E o melhor: com transparência. Tudo será publicado no Diário Oficial — nada de negociação no escuro.

Como ficou estruturado

O decreto montou uma engrenagem enxuta. Nada de criar superorganismos. A engrenagem está no que já existe:

  • A CAMEX (Câmara de Comércio Exterior) vai comandar o processo.

  • O Itamaraty, o Ministério da Fazenda, o da Indústria e Comércio, Justiça e Agricultura fazem parte do comitê.

  • Quem aponta que há violação é o setor privado ou algum dos ministérios.

  • Quem analisa é a CAMEX.

  • Quem tenta resolver via diplomacia é o Itamaraty.

  • E se não tiver acordo? A retaliação é formalizada.

E o que é considerado “retaliação”?

Aqui vem a sacada do decreto: não se trata de revanche.
Trata-se de equilíbrio. Se um país subir a tarifa do nosso aço, por exemplo, a resposta pode ser uma tarifa equivalente sobre produtos que ele exporta pra cá.

💡 A lógica é simples: se você me trava, eu te travo do mesmo tamanho.

Mas tudo precisa passar por:

  1. Análise técnica de impacto.

  2. Consulta formal ao outro país.

  3. Aprovação do comitê interministerial.

  4. Divulgação pública da medida, com tempo determinado.

Proporcionalidade é regra

O decreto bate nessa tecla mais de uma vez: as contramedidas têm que ser proporcionais.
Nada de exagero. Nem de revide por impulso.

É uma forma de evitar desgaste na OMC, em organismos multilaterais ou no comércio bilateral.

Inclusive, tem um ponto interessante: o decreto prevê revisão periódica das medidas. Ou seja, o Brasil não quer ficar batendo boca — quer resolver.

O que vem agora?

Nos bastidores, a avaliação é que o governo brasileiro pode aplicar as primeiras medidas já nos próximos meses, caso os EUA mantenham a tarifa de 50% sobre nossas exportações.

Os setores mais atentos?
Agro, siderurgia, mineração e tecnologia.

Empresas desses segmentos já enviaram pedidos formais para análise da CAMEX — e os dados sobre impacto financeiro estão na mesa.

Um recado (discreto) para o mundo

O decreto não é agressivo.
Mas também não é tímido.

Ele envia uma mensagem clara pra fora do país: o Brasil cansou de apanhar quieto. Vai jogar com as regras — mas também vai cobrar que os outros respeitem.

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